Trilho da Montanha Sagrada - Serra d'Arga

18-07-2023

2 dias em montanha, com direito a dormida no topo de um cume, para explorar aquilo que é a montanha sagrada da Serra d'Arga.

Já várias vezes escrevi sobre a Serra d'Arga, já poucos cantos faltam descobrir, mas este fim de semana foi dedicado a procurar um recanto, um lugar até mágico, afinal, esta montanha que fomos é classificada como sagrada.

Durante o nosso percurso a Serra d'Arga não falhou, aliás, esteve no seu esplendor máximo, afinal tivemos o privilégio de ver e eu de fotografar:

  • Flores coloridas
  • Paisagens infinitas
  • Anfíbios 
  • Pássaros 
  • Garranos (Cavalos)
  • Aranhas e teias gigantes
  • Gafanhotos a acasalar
  • Borboletas
  • Larvas coloridas
  • Libelinhas
  • Edificados perdidos no meio da serra
  • Obras de arte em granito
  • E muito, muito mais!

Sobre o percurso, acho que foi dos mais longos que já fiz na Serra. São 20 km aproximadamente, com algumas zonas de caminhada técnica, pois o chão é feito de várias rochas irregulares e com subidas e descidas bastante acentuadas, sem zonas de reabastecimento de água (no caminho todo apenas há água na Senhora do Minho junto das mesas de piquenique).

Mas, o caminho é lindo, e quanto à água, se souberem analisar água de montanha, há vários riachos que podem abastecer o cantil, assim como, na nascente do Rio Âncora, se tiverem dúvidas a Quokka faz uma caminhada onde ensina a escolher a água potável em montanha, podes ver mais aqui.

Pontos de interesse por onde passa o caminho:

  • Mosteiro São João de Arga
  • Lagoas da Montaria
  • Chã de São João
  • Nascente do Rio Âncora
  • Senhora do Minho
  • Observatório de Aves
  • Pedra dos templários
  • Chã Grande
  • Casa Florestal
  • Porta do Lobo
  • Vale em V do Âncora
  • Parque eólico
  • E muito mais!

A verdadeira pergunta neste momento é:

Mas qualquer pessoa pode pegar numa mochila e ir para a Serra tanto tempo?

E a resposta é clara:

Não!

Não porque não é seguro, não porque tudo depende da preparação, não porque tudo depende da segurança de cada indivíduo e da segurança do local onde estamos.

Para pudermos passar tempo num espaço natural como este, que tem lugares intocáveis, todos nós temos de saber ser e saber estar, porque afinal, esta é a casa de muita biodiversidade que não tem que se perturbada por nós.

Para mim há duas coisas essenciais quando pensarem em ir caminhar para montanha, principalmente se forem como eu este fim de semana, fazer um caminho muito longo, que nunca fizeram e não sabem o que vão encontrar:

  1. Saberem gerir o vosso bem estar e segurança e irem equipados para tal;
  2. Saberem o que podem e não podem fazer na natureza tendo por base o princípio de "passarmos pela natureza sem ela notar que nós ali estamos".
Se um dia quiserem aprender mais sobre estes temas, há atividades na Quokka que eu faço para ensinar e preparar todas as pessoas a viverem aventuras na natureza.

Mas afinal o quê que eu achei destes dias?

ADOREI!

Foram dois dias (na verdade 24h) onde eu senti que desliguei a ficha, já há muito que não sentia um reset tão grande e rápido, e o mais giro é que quem foi comigo sentiu o mesmo.

Iniciamos a caminhada as 14h30 se sábado e terminamos as 15h00 de domingo. Na primeira tarde basicamente caminhamos, tiramos muitas fotos, encontramos um casal de gafanhotos a acasalar e aproveitamos muito, muito os pequenos prados que íamos encontrando para descansar das subidas.

No fim de várias subidas, encontramos o Mosteiro de São João d'Arga, deslumbrante visto de cima, a ser alimentado por vários cursos de água, uma paisagem idílica.

Tão bela era a paisagem que decidimos andar mais um pouco e encontrar um cume para ficar. 

Preparamos o nosso lanche, jogamos uma bela partida de Saboteur e montamos a nossa tenda, tudo perfeito para o verdadeiro do jantar.

Jantar:

  • Noodles de tomate com queijo (tudo desidratado e feito com apenas 500ml de água)
Antes do merecido descanso, olhamos para o céu, eu poderia tentar descrever, mas não há palavras que descrevam um céu escuro, 100% estrelado, no topo de uma montanha sem poluição luminosa.

O segundo dia começou cedo, com o sol a nascer cheio de força e vitalidade, acompanhado por um bom grupo de vaquinhas que se foi aproximando de nós ao som dos seus badalos.

Preparamos o bom do pequeno almoço, arrumamos tudo e seguimos caminho!

Antes que perguntem, todo o lixo veio a ser armazenado na minha mochila num saco, todo o lixo efetivamente, pois não há nada que se possa deixar em montanha, mesmo o "biodegradável".

Caminhamos imenso, mas nem estávamos a reparar, pois as paisagens até à nascente do Rio Âncora encheram-nos por completo a mente, vimos os animais nos seus habitats mais puros, com autênticas obras de arte, como foi uma teia de aranha que tinha fios que pareciam cordões das sapatilhas, uma coisa fenomenal!

Continuamos caminho até à Senhora do Minho, um caminho que já nos era muito familiar, afinal já visitamos esta zona da Serra dezenas de vezes.

Chegados à Senhora do Minho, era hora de almoço e a vontade era pedir uma boa de uma boleia, mas não! Ou pelo menos, alguns de nós não 🤣 .

Cozinhamos o nosso almoço nas meses de piquenique, reabastecemos as nossas garrafas de água que já vinham cheias de água da nascente do rio e preparamo-nos para seguir caminho.

Almoço:

  • Massa recheada de espinafres e queijo (tudo desidratado e feito com apenas 500ml de água)
Aqui, a chã grande enche a vista de todos, tem tanta natureza em harmonia que é difícil de descrever. Dela é iniciado o caminho de descida para retomar ao início do percurso, passando pela porta da Vila, umas das vistas mais impressionantes do caminho de onde se vê Vila Praia de Âncora, a Serra de Arga e Santa Tecla - Espanha.

Mas afinal porque é esta montanha chamada de sagrada?
Um dia que vierem fazer uma caminhada comigo eu conto-vos!

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